A história das mulheres no esporte é marcada por muitas conquistas, determinação e paixão. Ao longo de anos, atletas de diferentes países inspiraram e continuam a inspirar pessoas no mundo todo, seja pela superação ou pela maestria com que participam em competições importantes.
Fica claro que mulheres são potências e podem chegar exatamente onde quiserem, independentemente da idade ou das barreiras que surgem pelo caminho. Neste conteúdo, contamos um pouco sobre algumas atletas incríveis que vão te inspirar e te dar forças para praticar o que você desejar. Vem com a gente!
História das mulheres no esporte
A desigualdade de gênero no esporte é um assunto antigo e complexo, e há registros disso desde o início dos Jogos Olímpicos da Antiguidade (776 a.c.). Você sabia que, logo a primeira regra do regulamento já vetava a participação das mulheres em qualquer modalidade? Sim, apenas homens podiam se inscrever na competição.
E não acaba por aqui: naquela época, os homens participavam dos jogos nus e, dessa forma, novamente a presença das mulheres era proibida, mas dessa vez como espectadoras, de acordo com o artigo “Reflexões acerca do papel da mulher na liderança esportiva”.
Seja como participante ou espectadora, as portas dos Jogos Olímpicos, no início, estavam fechadas para nós. Aliás, um dos idealizadores da competição era completamente contra a presença feminina, justificando que elas poderiam “vulgarizar o espaço” que era tão cheio de honra — mas a história prova para a gente o contrário, não é mesmo?
Foi em 1896, no primeiro Jogo Olímpico da Era Moderna, que a grega Stamati Revithi, uma competidora extra-oficial, correu 42 quilômetros (e a última volta fora do estádio, porque tentaram impedir a entrada dela). Esse é um dos primeiros registros de mulheres que quebraram as barreiras para participar da competição.
Stamati com certeza abriu portas para muitas outras após ela. Mesmo que esses nomes não sejam divulgados ou ganhem tanto destaque quanto os masculinos, as mulheres fizeram, sim, feitos históricos, embora exista o apagamento deles.
No Brasil, foi na segunda metade do século 19 que mulheres começaram a praticar alguns esportes. Sim, muitas modalidades não eram permitidas com o argumento que modificavam os corpos femininos, atribuindo a eles virilidade e pondo em xeque a autenticidade do gênero. As atividades físicas permitidas eram aquelas que apenas mantivessem a “boa aparência”.
A igualdade de gênero no esporte ainda é um objetivo a ser conquistado para as mulheres.
O movimento feminista de 1960 foi essencial para questionar os papeis das mulheres e as proibições impostas, inclusive no esporte. Em 1980, a discussão já tomava outros rumos, com médicos que achavam que esportes eram prejudiciais para a saúde dos seios, enquanto outros demonstravam o quão benéficas as atividades físicas eram, independentemente do gênero.
Agora, vamos dar um pulo na história, para 2012. Você sabia que foram nos Jogos Olímpicos de Londres que mulheres passaram a ter o direito de participar de todas as modalidades esportivas? Essa é uma conquista bastante recente!
Para saber mais sobre a história dos esportes, indicamos o vídeo do canal Educação Física:
Desigualdade de gênero no esporte: uma discussão recente
Antes de prestigiarmos as atletas incríveis, precisamos bater um papo rápido sobre o gênero no esporte. Ao longo da história, muitos estereótipos foram criados em relação às mulheres. A gente até gostaria de dizer que isso é coisa do passado, mas é sabido que estamos no século 21 e ainda há muitas ideias ultrapassadas.
Um dos estereótipos criados é a ideia da fragilidade do corpo feminino. Apesar das diferenças biológicas (que de fato existem), o verdadeiro problema está nas imposições sociais. Elas, sim, são as barreiras que impedem mulheres de chegarem mais longe.
E mesmo com a presença do preconceito dentro do esporte, que coloca o masculino em evidência, a ciência já provou que as atividades físicas têm o mesmo estímulo em ambos os organismos.
Ellen Staurowsky, professora e pesquisadora da área de educação física, explica que uma das situações que reforçam a desigualdade no esporte é quando observamos que poucas mulheres ocupam cargos técnicos, como treinadoras de grandes times, e essa pequena representatividade fortalece a ideia de que o homem é mais competente para funções estratégicas e de treinamento.
A pesquisadora também explica que a visão da mulher como alguém doce, frágil e sempre associada à maternidade, enquanto homens são vistos como corajosos, competitivos e analíticos, fomenta ainda mais a desigualdade de gênero.
8 mulheres no esporte que vão te inspirar
Você já percebeu que o sexismo no mundo atlético é um tema extremamente sério, e isso reforça a importância da mulher no esporte. Então, agora, vamos às personalidades que fizeram história e vão te inspirar e mostrar que você pode ser e fazer o que desejar!
1. Marta Silva
Se tem um nome que fortalece a representatividade da mulher no esporte é o de Marta. Com certeza, você já ouviu falar da futebolista brasileira, afinal, ela é considerada a melhor jogadora de futebol de todos os tempos!
Marta foi eleita seis vezes a melhor jogadora de futebol pela Fifa, inclusive, já bateu o recorde de premiações quando comparada com homens (e mulheres). Ela não brinca em serviço!
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A jogadora começou a se interessar por futebol quando ainda era bem pequena. Natural do interior de Alagoas, foi lá que ela deu início à brincadeira, quando criança jogava bola com os meninos — era a única menina.
A Marta é uma das mulheres no esporte brasileiro com mais reconhecimento. (Crédito da imagem: Thais Magalhães/CBF).
Você pode imaginar que Marta fez a sua história em uma época em que a representatividade no futebol era mínima e o preconceito de que mulheres não servem para jogar bola era forte. É claro que a atleta ignorou e suportou muitas críticas e, hoje, ganhou o título de rainha do futebol, além de ser um exemplo da importância da valorização do esporte feminino no Brasil.
A jogadora, atualmente, é embaixadora da Boa Vontade para Mulheres e Meninas no esporte, pela Organização das Nações Unidas (ONU), justamente por ser um símbolo de inspiração para tantas pequenas atletas.
2. Serena Williams
Serena é nada mais do que a maior tenista da história! Apesar de ter anunciado a aposentadoria em 2022, é inegável que a atleta sempre vai ser lembrada pelo o quanto brilhou nas quadras durante a sua trajetória, mas também por ser um ícone de força.
Serena nasceu em um bairro pobre e foi treinada pelo próprio pai em quadras públicas. O paizão sempre acreditou no potencial das filhas — Venus Williams, irmã de Serena, também era tenista —, e diz a história que, mesmo antes delas nascerem, ele já estava certo de que suas filhas fariam história.
Serena iniciou a vida profissional em 1995 e, em 1999, conquistou a primeira de tantas vitórias. No total, a tenista venceu 23 disputas individuais de Grand Slam, que é a modalidade mais importante para o tênis, tornando-se a maior vencedora da categoria quando comparada aos nomes históricos masculinos.
Ao lado da irmã, muitas medalhas de ouro foram conquistadas. Serena se tornou notória pelos saques, pela precisão e o domínio impecável que tinha de jogo. Isso proporcionou a ela 98 títulos nas modalidades simples, duplas e duplas mistas, inclusive quatro ouros nos Jogos Olímpicos.
Serena não é apenas uma heroína para mulheres no esporte, como também se tornou um ícone da luta contra o racismo, e a própria atleta sempre citou que a sua história foi marcada por muitos episódios de preconceitos — como em 2001, ano em que ela, o pai e a irmã foram vítimas de insultos durante um jogo.
Em um esporte majoritariamente ocupado por homens brancos, Serena enfrentou, também, a desigualdade salarial, mas nem isso fez a tenista parar de crescer e brilhar.
Serena Williams é um ícone do esporte feminino e da luta contra o racismo. (Crédito da imagem: reprodução/Olympics)
3. Rebeca Andrade
A ginasta brasileira Rebeca Andrade fez história nas Olimpíadas de 2022, ao se tornar a primeira medalhista brasileira olímpica feminina da ginástica artística do país.
No mesmo ano, Rebeca trouxe mais orgulho no Mundial de Liverpool, ao ser a primeira brasileira campeã mundial do individual geral na ginástica artística. O título fez dela a atleta mais completa da competição.
A ginasta também conquistou o coração dos brasileiros em Tóquio, ao se apresentar ao som de Baile de Favela, levando o ritmo do funk para o mundo e homenageando as comunidades da periferia. E já que relembrar é viver, que tal conferir a apresentação de Rebeca nas últimas Olimpíadas?
4. Elaine Thompson-Herah
Talvez você já tenha ouvido falar que a Jamaica é um país tradicional no atletismo, como Usain Bolt e, também, Elaine Thompson-Herah, a mulher mais rápida do mundo!
Nas Olimpíadas do Rio 2016, a velocista bateu o recorde de 10s61 nos 100 metros rasos e, por um décimo de segundo, quebrou o recorde de 1988 da norte-americana Florence Griffith Joyner. Em 2020, novamente, a atleta brilhou, mesmo quando não havia altas expectativas em relação a ela, já que Elaine havia passado por alguns problemas devido a uma lesão.
O caminho até o título de mulher mais veloz não foi fácil e, na verdade, nem sempre Elaine foi a melhor do time de atletismo. Ainda na escolha, chegou a ser excluída da equipe dois anos após ficar em quarto lugar no Campeonato Jamaicano de Meninos e Meninas.
Mas como a família de Thompson-Herah sempre disse, ela nasceu para correr e, logo após ser retirada do time da escola, o treinador Stephen Francis investiu na carreira da velocista e transformou para sempre a jornada dela enquanto atleta.
Esta foto foi tirada no momento em que Elaine Thompson-Herah percebeu que havia batido o recorde, antes mesmo de chegar na linha final. (Crédito da imagem: reprodução/Nacac)
5. Chloe Kim
As mulheres também têm espaço dentro dos esportes radicais, e a jovem norte-americana Chloe Kim, de apenas 22 anos, é considerada a maior atleta de snowboard de todos os tempos.
Com apenas 14 anos, participou no X-Games e foi a mais jovem medalhista de ouro no snowboard. Desde então, Chloe foi batendo recorde atrás de recorde, até que nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, foi a mulher mais nova a ganhar uma medalha de ouro olímpica na modalidade.
Nos jogos Pequim 2022, Chloe tornou-se bicampeã na modalidade, entrou para a lista das 100 pessoas mais influentes, ganhou uma versão de si mesma da Barbie, estreou em filmes, em videoclipes e ainda saiu na caixa de cereais Corn Flakes, sendo a edição mais vendida.
Kim é uma inspiração para as gerações mais jovens. (Crédito da imagem: reprodução/Olympics).
6. Rayssa Leal
Mais uma atleta para a lista das jovens que fazem história nos esportes radicais! Dessa vez estamos falando da skatista brasileira Rayssa Leal, a nossa eterna fadinha do skate, como carinhosamente é chamada na internet.
Rayssa ficou conhecida após um vídeo dela andando de skate com fantasia de fada viralizar. A pequena menina que conquistou muita gente pelo mundo afora dando um flip perfeito enquanto usava um tutu. Atualmente, é vice-campeã na modalidade e a mais jovem medalhista na delegação brasileira.
E a fadinha, de fato, sabe mostrar que é uma excelente esportista: nos jogos de Tóquio, Rayssa também viralizou pelo entusiasmo ao torcer por outras meninas, o que lhe rendeu a medalha The Visa Awards, prêmio que representa os valores olímpicos.
Em 2023, Rayssa conquistou a medalha de ouro de skate street, consagrando-se como campeã mundial. Para celebrar a carreira brilhante da adolescente, que tal relembrar o vídeo da fadinha?
7. Maria Carolina Gomes Santiago
Tóquio foi uma Olimpíada histórica para o Brasil, inclusive para o esporte paralímpico. Maria Carolina Gomes conquistou três medalhas de ouro nos jogos de 2020 e foi a atleta com mais vitórias entre todos os brasileiros que foram para o Japão naquele ano.
Maria Carolina faz natação desde os 4 anos de idade, já que esse era um dos esportes que poderia praticar sem prejudicar a visão, uma vez que a nadadora tem a síndrome de Morning Glory, uma condição rara.
Aos 12 anos, a atleta deu uma pausa na carreira após perder a visão por oito meses por conta de acúmulo de água. Somente aos 27 ela retornou para as piscinas e, aos 36 anos, estreou nas Paralimpíadas.
Apesar de estrear de forma tardia, Maria Carolina Gomes chegou com tudo, ganhando diversas medalhas de ouro e se consagrando entre as atletas brasileiras.
Carol Gomes teve uma estreia incrível no esporte feminino do Brasil. (Crédito da imagem: Alê Cabral/CPB)
8. Simone Biles
A incrível Simone, de apenas 24 anos, faz parte da categoria de atletas lendários e é fácil entender o porquê. Antes mesmo da sua primeira Olimpíadas, a Rio 2016, ela já havia arrecadado diversas medalhas de ouro e, nos Jogos, mostrou para o que veio e levou o ouro para casa nas categorias individual geral, em equipe, salto e solo; além do bronze na trave.
Na sua segunda Olimpíada, a Tóquio 2020, a ginasta chegou a ocupar o pódio na modalidade em equipe e trave. Infelizmente, antes de chegar à final, Simone precisou abandonar a competição para dar atenção à saúde mental, já que vinha passando por uma série de crises psicológicas conhecidas como twisties, que é a perda da noção dos movimentos durante a prática da ginástica artística.
Biles é um símbolo de força e quebrou tabus em relação a atletas de alta performance. (Crédito da imagem: reprodução/Olympics).
Não há dúvidas de que é preciso coragem para adiar sonhos para cuidar de si mesma, e Simone fez isso em uma competição importantíssima, mostrando ao mundo que até grandes atletas têm vulnerabilidades. A saúde mental é considerada, ainda, um tabu no mundo esportivo, no qual a cobrança por desempenho é grande.
Biles pode não ter levado uma medalha de ouro na sua última participação olímpica, mas criou uma trajetória inesquecível e chamou a atenção de pessoas no mundo inteiro para os sintomas da Síndrome de Burnout e para a importância dos cuidados com a saúde mental..
“Temos que proteger nossa mente, em vez de apenas fazer o que o mundo quer que façamos”. Simone Biles em entrevista.
Neste conteúdo, você conheceu uma série de histórias de mulheres nos esportes. Diferentes trajetórias e vivências, mas todas levam em comum a força para abrir portas e jamais deixar que alguém diga o que é ou não capaz de fazer.
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